Sobre os organizadores


O Fórum Mundial da Ayahuasca é fruto de uma colaboração histórica entre o Instituto Yorenka Tasorentsi (IYT) e a ICEERS — duas forças distintas, mas convergentes, unidas por um compromisso comum com o diálogo intercultural e o cuidado com as medicinas tradicionais indígenas e a liderança indígena.
Essa aliança marca um ponto de virada: transforma anos de trabalho em paralelo em um esforço conjunto enraizado no respeito mútuo, na cogovernança e em uma visão de futuros éticos.
Continue lendo para conhecer as trajetórias e os valores que aproximam essas duas organizações.
Instituto Yorenka Tasorentsi


O Instituto Yorenka Tasorentsi foi fundado em 2018 pelo líder Ashaninka Benki Piyãko, com a missão de abordar de forma integrada questões ecológicas, culturais e sociais. O Instituto desenvolve um modelo de sistema agroflorestal que mescla técnicas Ashaninka e modernas, que são adaptáveis globalmente, priorizando práticas conscientes e sustentáveis.
Com um foco especial na regeneração e preservação da biodiversidade da floresta Amazônica, o Instituto Yorenka Tasorentsi busca garantir um futuro em que todos os seres vivos possam coexistir em harmonia com a natureza.
Além disso, o Instituto Yorenka Tasorentsi trabalha em prol da segurança alimentar da população de Marechal Thaumaturgo (município brasileiro no estado do Acre), promovendo a proteção e o fortalecimento dos conhecimentos indígenas e a conscientização ambiental, tanto em nível local quanto global.
O Instituto se compromete a ser um agente de mudança, unindo comunidades e promovendo a valorização das culturas e das sabedorias indígenas em harmonia com a preservação do meio ambiente.
Um outro foco do Instituto é contribuir com a mobilização social e proteção de direitos essenciais e coletivos dos povos indígenas, que vem se consolidando desde sua criação como referência neste processo. A proteção, a valorização e o esclarecimentos sobre os conhecimentos espirituais e suas práticas materiais e imateriais, bem como o conhecimento e a ética de uso de suas `medicinas sagradas` estão entre as frentes de ação do instituto. A prova disso são os esforços no processo de organização dos líderes espirituais indígenas, como fonte de sabedoria e práticas conscientes e sãs no uso desses conhecimentos.
Nisso citamos a criação e a condução do importante evento denominado Conferência Indígena da Ayahuasca que, desde 2017, vem ocorrendo e crescendo no interesse dos principais líderes espirituais indígenas que, através de um processo participativo e de consenso, demandam diferentes agendas e mobilizações, ficando nesse processo o IYT como o principal arquiteto, propagador e executor de muitas destas demandas.
Durante a V Conferência Indígena da Ayahuasca, realizada em janeiro de 2025, na Aldeia Sagrada, povo do Yawanawá, os povos indígenas presentes decidiram pela continuidade do IYT como condutor desta pauta e de suas agendas pós-conferência.
Também continuamos a defender os direitos e as lutas pela valorização e proteção jurídica desses conhecimentos, que vêm se consolidando dada a necessidade de ocupar espaços de representação diante da crescente demanda e interesse de diversas corporações farmacêuticas e organizações que buscam apropriar-se dos saberes genéticos e das técnicas de preparo dessas medicinas.
Essa prática comercial é predatória e invisibilizante, manifestando-se por meio de patentes, registros diversos e outras formas que não reconhecem e se apropriam desses conhecimentos em detrimento dos povos indígenas, que são os verdadeiros detentores desses saberes e dos direitos originários a eles relacionados. Além disso, desrespeita o direito à consulta prévia, livre e informada, conforme previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
For more, see: https://yorenkatasorentsi.org/
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ICEERS


A ICEERS é um centro de referência para segurança, advocacy e diálogo em torno das medicinas tradicionais indígenas baseadas em plantas.
À medida que essas tradições ganham uma atração global sem precedentes, elas oferecem oportunidades transformadoras, mas também enfrentam desafios profundos, com riscos de deturpação, uso inadequado e ausência de padrões éticos e robustos de prática.
Há mais de 15 anos, a ICEERS atua na interseção entre movimentos de base, comunidades indígenas e formuladores de políticas públicas, navegando pelas complexidades da globalização das medicinas tradicionais. Conectam culturas, disciplinas e visões de mundo, atuando como guardiões e mediadores nesse cenário em constante evolução.
Hoje, a ICEERS está cada vez mais focada na construção de alianças, no diálogo intercultural e na articulação de redes globais. Trabalham pelo reconhecimento das medicinas indígenas como práticas culturais legítimas e colaboram com instituições nacionais e internacionais para garantir que sejam protegidas e não criminalizadas.
Nosso trabalho está focado em três áreas centrais e interconectadas:
Mitigação de Danos e Consequências
Nossos programas de linha de frente oferecem defesa legal, apoio em crises e redução de danos. Já atuamos em mais de 390 casos legais em 47 países, oferecendo assistência a milhares de pessoas por meio do Centro de Apoio El Faro, além de capacitar mais de 1.000 facilitadores e profissionais da saúde. Também apoiamos iniciativas lideradas por indígenas na proteção de seus territórios, conhecimentos e culturas.
Cocriação de Caminhos Éticos
Por meio de iniciativas como o Marco de Práticas Comunitárias, apoiamos processos de autorregulação comunitária em mais de 60 encontros realizados em uma dúzia de países, acompanhando mais de 1.000 facilitadores e promovendo culturas de responsabilidade e cuidado.
Atualmente, estamos nas etapas iniciais da cocriação de um marco regulatório consensual para a ayahuasca, adaptável a diferentes contextos, com o objetivo de apoiar práticas éticas, culturalmente respeitosas, alinhadas com princípios de saúde pública e enraizadas nos sistemas espirituais, culturais e ecológicos de origem.
Com a Aliança de Sistemas de Conhecimento, promovemos a diversidade epistêmica e incentivando o diálogo intercultural e as abordagens inclusivas e cocriativas para os desafios globais.
Ao tecer alianças entre a diversidade de sistemas de conhecimento das quais as medicinas fazem parte, podemos, de forma complementar, analisar coletivamente as causas profundas das crises globais, aprender uns com os outros e permitir que compreensões mais profundas guiem nossas estratégias e ações.
Monitoramento Internacional e Pesquisa
Acompanhamos tendências globais no uso de medicinas tradicionais, gerando dados que embasam processos judiciais, reformas políticas e debates públicos. Nossas análises ajudam a promover práticas e regulamentações mais seguras e respeitosas.
Já mobilizamos conhecimento por meio de mais de 100 publicações, relatórios e cursos sobre redução de danos e integração, frequentados por mais de 1.000 facilitadores e profissionais das áreas de saúde pública e mental.
Para mais informações, acesse: https://www.iceers.org/