Perguntas frequentes
Por que este Fórum está sendo organizado?
Busca-se, portanto, fortalecer-se as redes globais voltadas para o apoio em crises, assistência jurídica, regulamentação baseada em consenso, alianças interculturais de conhecimento, consórcios de pesquisa e muito mais. É uma resposta aos desafios que as culturas das plantas sagradas enfrentam em um mundo em rápida globalização e busca fortalecer o protagonismo indígena nos espaços internacionais de tomada de decisão.
É o momento oportuno para se construir um roteiro coletivo que dialogue com a contemporaneidade e a globalização ética das práticas com plantas sagradas, com raízes nos conhecimentos e ciências tradicionais dos povos e nos sistemas de conhecimento baseados numa nova leitura do cientificismo acadêmico e epistemológico. Isso inclui a geração de propostas concretas e o fortalecimento da solidariedade entre regiões impactadas pelo extrativismo predatório e pela apropriação cultural e intelectual.
Em que este fórum é diferente das cinco edições anteriores das Conferências Indígenas da Ayahuasca?
Esse fórum também dá maior ênfase ao engajamento em políticas internacionais, à colaboração transdisciplinar e à formação de alianças com outras tradições de plantas sagradas além da ayahuasca. Ele marca uma mudança da articulação regional para a ação estratégica global.
Entre suas estratégias e objetivos este movimento apresentou a necessidade de ampliar sua atuação e, por conseguinte, dar mais amplitude às suas “vozes”, refletidas aqui nas lideranças espirituais indígenas que compõem seu corpo existencial.
Enquanto as conferências indígenas, realizadas exclusivamente em territórios indígenas, com protagonismo exclusivo indígena e com um diálogo predominantemente “para dentro”, num processo de construção coletiva de processos e reflexões comuns para fortalecimento das comunidades e sua práticas e ciências tradicionais, consolidando suas redes internas e abrangendo, também, em determinados aspectos assuntos mais abrangentes de diálogo com o “mundo exterior”, este fórum mundial trata-se de processo “para fora e junto”, num processo dialógico entre o universo comunitário indígena e o “mundo ocidental”.
Assim, este fórum se baseia nesse legado, mas dá um passo adiante — está sendo coorganizado desde o início por lideranças e instituições indígenas, junto a aliados do mundo acadêmico científico. Este evento também coloca maior ênfase no engajamento com políticas internacionais, na colaboração transdisciplinar e na construção de alianças com outras tradições de plantas sagradas além da ayahuasca.
Marca uma transição da articulação regional para uma ação estratégica em escala global.
Em que este fórum é diferente das três Conferências Mundiais da Ayahuasca organizadas anteriormente pela ICEERS?
Outra diferença fundamental está na estrutura de governança: as decisões sobre a programação, os convidados e os desdobramentos do fórum estão sendo tomadas por consenso com lideranças indígenas, refletindo uma mudança da consulta para a tomada de decisão conjunta.
Por que a ICEERS e o Instituto Yorenka Tasorentsi (IYT) são os organizadores? Por que esta conferência não está sendo organizada diretamente pelas lideranças indígenas?
Desde a IV Conferência Indígena da Ayahuasca vem-se realizando diálogos com o ICEERS, de maneira que traçou-se o horizonte para a realização de um grande evento, de escala mundial que será este fórum.
As duas instituições estão trabalhando juntas como parceiras iguais na construção da visão, do conteúdo e da realização do fórum.
Essa estrutura colaborativa um processo de construção e confiança mútua e compromisso com o diálogo intercultural, os direitos bioculturais e o futuro das práticas com plantas.
Qual é o papel das lideranças indígenas na organização deste evento?
Quais resultados são esperados do fórum?
Organizar e Fortalecer o Movimento
- Definir a formação da aliança, esclarecendo o papel de cada parceiro e o plano colaborativo
- Envolver financiadores estratégicos para alinhar os recursos com a visão de longo prazo
- Coordenar e cocriar o processo de governação intercultural em escala global
Soberania e Direitos Indígenas
- Promover proteções legais – dentro e fora dos países de origem – para líderes espirituais indígenas e seus medicamentos tradicionais
- Contribuir para o fortalecimento da governança indígena por meio do Conselho de Líderes Espirituais Indígenas.
Garantir Futuros Seguros e Éticos
- Promover a responsabilidade coletiva e padrões culturalmente enraizados para garantir práticas com ayahuasca que sejam seguras, éticas e informadas em nível global.
- Enfrentar o extrativismo, a biomedicalização e seus danos culturais – ampliando as soluções indígenas
- Desenvolver marcos regulatórios e propostas políticas
- Apresentar um Marco Regulatório Comunitário
Reunir pesquisadores internacionais e interdisciplinares
- Promover a descolonização da ciência por meio do aprendizado mútuo e do diálogo entre os sistemas de conhecimento
- Explore como o conhecimento tradicional indígena pode servir ao conhecimento ocidental, e vice-versa
- Elaborar “Planos de Ciência” interculturais junto com líderes indígenas e comunidades científicas
Narrativas Decoloniais
- Transformar o discurso público: vincular a ayahuasca aos direitos indígenas e à cura ecológicaReformularas narrativas científicas dominantes introduzindo perspectivas bioculturais, epistemologias indígenas e experiências vividas.
O fórum vai emitir alguma declaração ou relatório oficial?
Sim. Um relatório resumido e possivelmente uma declaração conjunta serão redigidos por lideranças indígenas e aliadas e disponibilizados publicamente.
Esses documentos refletirão os principais diálogos, consensos e recomendações que emergirem do fórum.
Por que esta conferência está sendo organizada na Europa e não na América do Sul, origem da Ayahuasca?
Decidimos então realizar o primeiro Fórum Mundial da Ayahuasca, a ser realizado em Girona, Espanha.
As futuras edições do fórum poderão alternar entre diferentes regiões, inclusive retornando a territórios amazônicos, com o objetivo de fortalecer o engajamento recíproco e ampliar as realidades regionais em escala global.
As futuras edições do fórum poderão alternar entre diferentes regiões, inclusive retornando a territórios amazônicos, com o objetivo de fortalecer o engajamento recíproco e ampliar as realidades regionais em escala global.
Os europeus estão “comprando” as lideranças indígenas?
As lideranças indígenas envolvidas são autoridades respeitadas em suas comunidades e sua participação se baseia em relações de confiança mútua construídas ao longo do tempo, sem incentivos financeiros ou influência política.
Este será um encontro xamânico, com cerimônias de Ayahuasca?
O fórum e seus organizadores não irão disponibilizar ayahuasca nem outras medicinas ou realizar quaisquer cerimônias com uso das bioculturas.
Dito isso, práticas tradicionais e visões de mundo cerimoniais poderão estar representadas de forma simbólica, demonstrativa e educativa, sempre com curadoria em colaboração com lideranças indígenas para garantir a integridade cultural.
Haverá oportunidades para aprender sobre cerimônias tradicionais ou cosmovisões indígenas?
Esses espaços educativos serão concebidos com o consentimento e a participação de anciões indígenas, que enfatizarão a escuta experiencial, a ética da reciprocidade e métodos de aprendizagem decoloniais.
Ayahuasca será servida ou vendida durante o fórum?
Essa política reflete um compromisso com o cumprimento da legislação, o respeito cultural e a segurança dos participantes.
Para além das questões legais, o fórum busca criar um espaço dedicado ao diálogo intercultural, à educação e à colaboração. A oferta ou venda de medicinas poderia desviar o foco desses objetivos e potencialmente gerar mal-entendidos ou representações equivocadas das práticas indígenas e da essência deste importante evento.
Ao focar em discussões, apresentações e intercâmbios culturais, o fórum busca honrar as tradições e os sistemas de conhecimento das comunidades indígenas de forma respeitosa e em conformidade com a lei.
Os participantes são convidados a se engajar com a programação do fórum, que inclui paineis, falas e apresentações culturais que oferecem visões sobre cosmovisões tradicionais, valores e práticas rituais em um contexto educativo.
Essa abordagem garante que o fórum mantenha um ambiente seguro, respeitoso e inclusivo para todas as pessoas presentes.
Posso levar minhas próprias medicinas para consumo pessoal durante o fórum?
Apesar de as plantas utilizadas no preparo da ayahuasca não serem explicitamente regulamentadas, a presença de DMT na bebida coloca sua posse sob escrutínio legal.
Casos jurídicos na Espanha demonstram que pessoas encontradas com ayahuasca podem enfrentar problemas legais, incluindo acusações criminais.
Além disso, a legislação espanhola proíbe o consumo de substâncias controladas em espaços públicos, o que inclui locais de eventos.
Violações podem resultar em multas administrativas que variam de €601 a €30.000.
Para garantir a segurança e conformidade legal de todos os participantes, o fórum proíbe estritamente a posse ou consumo de ayahuasca e outras medicinas tradicionais em seu espaço. Essa política se aplica independentemente da tradição pessoal, origem ou experiência dos participantes. Pedimos a todas as pessoas que respeitem a segurança coletiva, a legalidade e o espírito intercultural deste encontro.
Bioculturas além da biocultura da ayahuasca são bem-vindas neste fórum?
O fórum convida ativamente ao diálogo entre múltiplas bioculturas, com o objetivo de identificar desafios comuns, promover a defesa mútua dos direitos bioculturais e explorar a diversidade de cosmovisões relacionais.
Este fórum é aberto a pessoas não indígenas?
Cientistas ocidentais também são bem-vindos neste fórum?
Esse Fórum também está aberto a cientistas e pesquisadores acadêmicos de instituições ocidentais?
Com certeza. Os cientistas e pesquisadores acadêmicos desempenham um papel importante no Fórum. Suas contribuições são necessárias para moldar um diálogo significativo entre os sistemas de conhecimento e promover abordagens éticas e colaborativas para a pesquisa.
Cientistas e pesquisadores acadêmicos de todos os sistemas de conhecimento, culturas e disciplinas são muito bem-vindos e incentivados a participar do fórum, especialmente porque um dos principais objetivos do encontro é estabelecer consórcios globais de grupos de pesquisa comprometidos com práticas de pesquisa colaborativas e não extrativistas.
Aqueles que buscam cocriar pesquisas com comunidades indígenas e apoiar abordagens transdisciplinares encontrarão um terreno fértil para diálogo e possibilidades de parcerias.
Os formuladores de políticas e profissionais da área jurídica também são bem-vindos ao fórum?
Absolutamente. Os formuladores de políticas, profissionais da área jurídica e consultores desempenham um papel fundamental na definição do futuro dos medicamentos tradicionais à base de plantas e sua integração às estruturas nacionais e internacionais.
O Fórum oferece um espaço único e oportuno para que os atores jurídicos e políticos se envolvam em um diálogo significativo com líderes indígenas, cientistas e representantes da comunidade. Tópicos como regulamentação, direitos humanos, defesa legal e políticas públicas serão explorados sob a ótica da ética, da integridade cultural e da reciprocidade.
Quais são os princípios orientadores do fórum?
Esses princípios guiarão todas as decisões, programações e interações ao longo do evento.
Haverá protocolos sobre apropriação cultural ou diretrizes de participação respeitosa?
Haverá tradução ou interpretação simultânea no fórum?
É possível participar do fórum online?
O conteúdo do fórum estará disponível para assistir depois?
Haverá apoio financeiro para quem não puder arcar com os custos de participação?
Posso ser voluntário(a) ou me envolver com o fórum?
Como posso contribuir além de participar do evento?
Onde posso me hospedar durante o Fórum?
Posso acampar no local do Fórum?
Crianças ou famílias são bem-vindas no fórum?
Quais medidas de segurança estarão em vigor durante o fórum?
Haverá segurança, suporte médico e uma equipe treinada em sensibilidade a conflitos interculturais disponível no local.